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Fez, Marrocos

Comecei a estudar astrologia, em 2015, para meu autoconhecimento. E tornou-se de tal maneira importante para mim que, hoje em dia, consulto sempre o céu antes de tomar uma decisão importante. E o retorno solar é ou deve ser, a data mais importante do ano. Decidir onde queremos passar esta data, pode influenciar os trânsitos que vamos vivenciar no próximo ano. Foi assim, em 2021 e assim será, em 2022.

Nunca tinha ido a Marrocos e por isso desconhecia esta cidade. Fez é uma das cidades imperiais de Marrocos, situada no centro-norte do país, com 89 km² de área e 1 112 072 habitantes. A seguir a Casablanca, é a segunda maior cidade. Foi fundada, em 789, por Moulay Idriss e é onde está localizada a Universidade al Quaraouiyine, criada em 859 e alegadamente a universidade mais antiga do mundo, ainda em funcionamento.

A cidade é constituída por três partes principais e distintas: Fes el Bali (Fez-a-Velha), Fez el Jdid (Fez-a-Nova) e o Méchouar. A primeira é a Almedina, classificada como Património Mundial pela UNESCO, desde 1981; a segunda foi projetada e construída pelos franceses durante o período colonial; a terceira é constituída pelo complexo do palácio real.

Por se tratar de uma viagem de 4 dias, decidi que iria conhecer apenas Fes el Bali (Fez-a-Velha). A Almedina de Fez, também chamada Medina de Fez, é a parte islâmica da cidade de Fez. Parecia um lugar pequeno e de rápida visita, mas rapidamente percebi que estava num verdadeiro labirinto, com cerca de 9000 ruas e com 14 entradas. 

Marrocos é um país de artesanato. Fez é conhecida pelos trabalhos em cerâmica. Contudo, podemos também encontrar vários produtos em pele (as babuchas, os famosos sapatos em bico), tapetes, candeeiros, pratos e bijuteria em cobre. E cor, muita cor!

O que visitei

À semelhança do que fiz na viagem do meu aniversário, em 2021, fui sozinha e decidi não programar nada. Deixei-me ser conduzida pela Almedina de Fez. Cheguei na noite da véspera do meu aniversário e estavam 30º. Um calor como há muito não sentia. Fui comprar um cartão telefónico com dados móveis, para ter acesso ao mapa da cidade e assim conseguir movimentar-me à vontade. Assim, mesmo que me perdesse, o GPS levava-me sempre de volta ao hotel.

Estes foram alguns dos monumentos que visitei em 3 dias:

Bab Boujloud ou Porta Azul – esta porta separa a Medina de Fez da parte nova e moderna da cidade e funciona como a principal entrada de Fez el Bali.

Place Boujloud – praça que se encontra em frente à Porta Azul, completamente murada com fortificações datadas do século IX.

Talaa Kebira – é a rua mais famosa de comércio em Fez, começa na Porta Azul e termina na parte baixa da cidade, em frente à Universidade al Quaraouiyne. 

Museu Nejjarine – localizado num praça com a fonte mais famosa de fez, a Fonte Nejjarine, onde fica também o Museu de Artes e Ofícios de Madeira de Nejjarine.

Al Attrarine Madrasa – uma das muitas escolas corânicas de Fez, fundada em 1310 e ainda em funcionamento. Tem uma arquitetura maravilhosa, repleta de arabescos e azulejos.

Tannerie Chouara (curtume) – fundado no século XI e ainda em atividade. Local onde tratam as peles de vaca, bode, ovelha e camelo e onde são tingidas com produtos naturais, como açafrão e índigo. O cheiro é terrível, e é um lugar energicamente muito denso. Consegui lá estar 5m.

Oued Bou Khrareb – rua que passa ao lado do rio Tarrafine, que divide a cidade entre a parte árabe (mais turística) e tunisiana. Vai desde o curtume ao Bab Rcif.

Mausoléu (Zaouia) de Moulay Idriss II – santuário dedicado àquele que foi rei do Marrocos entre os anos 807 e 828 e fundador da cidade, pela segunda vez, no ano 810.

Jardim Jnan Sbil – jardim público, criado no séc. XI e um dos poucos espaços verdes da cidade. Ocupa aproximadamente 7,5 hectares.

Infelizmente a Universidade Quaraouiyine estava fechada (fim-de-semana) e só era permitida a entrada a estudantes, pelo que só vi a zona exterior. Também não permitiram a entrada em nenhuma mesquita.

O que tornou esta viagem tão especial

No dia do meu aniversário fui almoçar ao Café Clock, recomendado pelo manager do hotel onde estava hospedada. Já estava de saída quando o funcionário da caixa me perguntou se era a minha primeira vez em Fez e se estava a gostar. Confirmei que sim e disse que tinha vindo passar o meu aniversário. Foram, de imediato, buscar uma fatia de bolo e uma limonada, que me ofereceram. Voltei a sentar-me numa mesa, onde estive por longas horas à conversa com um casal de ingleses, com um francês, um casal holandês e por último, com um casal do Porto, carágo!! 🙂

Café Clock, Fez, Marrocos

Já de saída do Café Clock e a preparar-me para visitar Tannerie Chouara (curtume), conheci à entrada dois jovens de vinte e poucos anos, simpatiquíssimos, do Porto.  Estiveram comigo, até ao fim desse dia, jantaram comigo e ainda foram levar-me ao hotel, pois já eram quase 00H. Conversámos muito e sobre os mais variados temas e sem dúvida, tornaram o meu dia muito especial. 

No dia seguinte, ao passear pelas ruas próximas ao hotel, conheci o Fouad, um jovem artista, cheio de talento, de 41 anos de idade.

Começou a trabalhar em cerâmica com o seu Pai, com 8 anos de idade. Os seus pais morreram recentemente, com 42 dias de diferença, com Covid-19. Trabalha na “loja” que era do seu Pai, em condições muito pouco dignas. Fica sentado no chão, o dia todo, a esculpir os seus azulejos e folga apenas à 6ª feira. Eu, que já tinha visto tanto artesanato na Almedina, emocionei-me com a beleza do seu trabalho e com a sua simplicidade.

Estive muito tempo a conversar com ele. Importa referir que o Fouad apenas falava Árabe, mas felizmente graças às tecnologias foi possível entendermo-nos, através de uma app de tradução.

Dei-lhe algumas sugestões para melhorar o seu negócio, para valorizar o seu trabalho e tirei várias fotografias da “loja”, que já lhe enviei. Ofereceu-me um presente que eu não queria aceitar, tendo em conta as dificuldades com que vive, mas ele disse-me: “quero dar-te uma coisa, mas não vais dizer que não”.

Em Fez, a maioria da população é muito pobre, o dinheiro é para suprir as necessidades básicas, pelo que a arte não é uma compra prioritária. Além disso, muitos são artesões ou trabalham na área. Assim, os melhores clientes do Fouad são normalmente turistas, dos quais guarda, com muito carinho, algumas lembranças que tem recebido e que partilhou comigo.

Gostava muito que o seu trabalho chegasse aos quatro cantos do mundo, pois vi nele um potencial gigante.

Por agora, seguimos juntos no Facebook.

No último dia, voltei a uma loja de produtos de beleza naturais, onde já tinha pedido informações, porque tinha gostado muito do atendimento e da simpatia.

Eu & Fouad
Trabalhos de Fouad

A Hajar foi também uma das pessoas especiais que conheci em Fez. Tem atualmente 25 anos de idade, tem mais quatro irmãos e ainda vive com os pais. Disse-me que “anda a ver se encontra noivo”. Recebeu-me novamente com um enorme sorriso e pediu-me para sentar ao seu lado, enquanto me fazia algumas perguntas. Vive dentro dela um grande coração e uma alegria contagiante, além de uma excelente profissional.

A Hajar fala Árabe, mas compreende francês e algumas palavras em inglês. Entre línguas, lá nos entendemos. Pediu o meu contacto e ficou super feliz, quando lhe pedi para tirar uma fotografia com ela.

Já em Portugal, enviou-me uma mensagem a dizer “que a paz esteja sempre contigo, minha amada irmã”. Sim, porque somos todos irmãos!

 

Eu & Hajar
Eu & Hajar
Em conclusão

Voltando à astrologia, foi quando conheci o significado de ter a lua em gémeos na casa 9, que percebi porque é tão importante para mim o caminho espiritual, viajar e comunicar. Viajar não é ir de férias, viajar é um alimento para alma. Mais importante do que conhecer um novo país, é conhecer pessoas incríveis e especiais, com quem aprendo tanto. Viajar é reencontrar-me com almas que já conheci noutras vidas e que me deixam emocionada a cada reencontro. Como já nos conhecemos, não precisamos de falar a mesma língua, porque sabemos exatamente o que queremos dizer. É voltar a unir o que está separado geograficamente. É sarar feridas. É recordar.

Mais do que tudo, foi isto que fui fazer a Fez. Gratidão por tudo o que recebi!

Se gostastes deste artigo, tens alguma pergunta, sugestão ou curiosidade, deixa na caixa de comentários. Prometo responder! 

4 comentários em “Fez, Marrocos”

  1. Jose António Duarte Cruz

    Gostei da descrição que fizeste na tua breve,mas enriquecedora viagem a Marrocos. Espero que faças mais viagens pelo mundo e assim te tornes Feliz.
    Bjinho de Amizade

  2. Solange gostaria de acompanhar o teu trabalho. Também tenho a lua em gêmeos, não sei o grau. Também preciso muito de estar sempre em comunicação. Bjs

    1. Muito grata Querida Fátima pela tua mensagem. Já estás a acompanhar o meu trabalho! 🙂 Ficarás, desde já, na minha base dados para futuros eventos. Também podes encontrar-me no Facebook e Instagram @bevirtualchange. Estou a organizar um retiro na Covilhã dias 25 e 26 de junho. Se conseguires, junta-te ao grupo! Seguimos juntas! Forte abraço!

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