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PS – Gosto muito de ti!

Gostava de ter escrito este artigo há mais tempo, mas não consegui. Falar da Rosa Maria, minha madrinha de Crisma, que faleceu em outubro de 2020, ainda me é doloroso. É um luto que ainda estou a fazer. 

Conheci a Rosa Maria, em 1987, quando fui viver com os meus pais para Aveiro, na altura, tinha 10 anos. Era a minha vizinha do lado. Rapidamente nos tornámos amigas, começamos a tratar-nos por “vizinha” e mais tarde convidei-a para minha madrinha de Crisma.

Há medida que os anos foram passando, fui conhecendo a mulher sincera, honesta, sensível e muito generosa. Tinha um coração gigante. 

Era professora de português-francês e tinha acabado de ser mãe do primeiro filho.

Gostava que eu fosse às compras para ela e com ela. Era vaidosa, gostava de vestir bem, de ter peças únicas. Quando chegavam as novas coleções, lá íamos nós às compras. Dizia-me: “tu já sabes como eu sou”.

Cedo comecei a ter explicações, de francês e de português, com a Rosa Maria. Com ela aprendi a gostar de literatura, dos nossos grandes autores e de escrever. 

Não teve uma vida conjugal fácil e separou-se com dois filhos pequenos. Foi uma mãe-guerreira, como tantas outras, que trabalhou muito para criar e educar os seus filhos sozinha. E tem dois filhos que são uns seres humanos maravilhosos.

Nem sempre tive o cuidado de lhe ligar e a paciência para escutar os seus desabafos, mas quando falávamos, ficávamos horas a conversar. Gostava de me contar cada detalhe dos seus dias e o que a “arreliava”. Antes de terminar cada chamada dizia-me: “olha que eu gosto muito de ti”.

Sentia-se só. Os filhos, já adultos, saíram de casa para seguir os seus caminhos e o que a “entretia” eram as explicações, alguns almoços com amigas e as viagens que tarde começou a fazer.

Os últimos anos de vida, o que mais queria e pedia aos filhos era que lhe dessem netos. E estava sempre a mandar, para mim e para as amigas, fotos de outras crianças e bebés que encontrava na internet ou que lhe mandavam.

Lamentavelmente quando faleceu, ” já vinham a caminho” os seus dois primeiros netos, que não teve oportunidade de conhecer.

Lamento não ter guardado as muitas mensagens que me enviou. Guardei esta, que partilho. Partilho também o poema que escrevi, em 2020, dedicado ao Santo António, que ela adorou.

Acho que a Rosa Maria nunca percebeu bem o meu trabalho desde que saí das empresas, mas respeitava as minhas escolhas e dizia: “tu é que sabes!”

Com a Rosa Maria aprendi tantas coisas que não cabem neste artigo. Ficam nas entre-linhas. Mas guardo a importância de viver em verdade, de “ser toda em cada coisa”, um dos seus poemas favoritos e a dizer mais vezes aos meus: gosto muito de ti!

Muitas destas fotos remontam a dezembro de 2017, quando me convidou para irmos passar uns dias juntas, em Troia.

Planeávamos ir passar uns dias à Covilhã, terra onde nasceu. Não fomos juntas. Mas eu irei lá estar de 23 a 25 de junho.

Quando escolhi fazer o meu 1º Retiro “Sou Amor”, na Covilhã, na altura nem me dei conta do porquê. Só uns dias mais tarde, “caiu a ficha”. Este retiro será também para a honrar e homenagear. Afinal, não encontro melhores palavras para a descrever.

Só posso agradecer-lhe, por tudo o que me deixou, porque a vida acaba assim, quando menos esperamos e nem temos tempo para despedidas. Vivamos!

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